Programa que reforça laços entre jovens gestantes e seus bebês foi implementado na cidade em junho; acompanhamento das futuras mães já é realidade

A equipe do “Primeiro Laços” deu início às visitas domiciliares a jovens gestantes recém-integradas ao programa no município de Indaiatuba, interior de São Paulo. O acompanhamento, que visa investir na relação mãe-criança a fim de promover o desenvolvimento dos bebês e as competências maternas, é feito por enfermeiras contratadas. 

As visitas começaram em julho, após a implementação do programa na cidade (leia mais) e seguem em andamento. O processo aborda cinco eixos da vida das jovens gestantes: saúde e assistência social; saúde ambiental (inclui a identificação de recursos a fim de garantir condições de vida adequadas, moradia segura, creche, escola e acesso à saúde); curso de vida; habilidades parentais; e, por fim, família e rede social de apoio. 

Além de fortalecer os laços afetivos entre mães e bebês, o programa visa melhorar o cuidado da saúde física, mental e emocional das gestantes. Por isso, outra novidade do programa, é que a equipe implementou um fluxograma para acompanhar as gestantes com alertas sugestivos de sofrimento emocional ou outras condições clínicas preocupantes. 

Esses alertas se baseiam em pontuações sobre o estado das participantes. O grupo ajustou a plataforma de pesquisa utilizada no programa (a REDCap – Research Electronic Data Capture) para que ela emita notificações automáticas aos supervisores de campo, sempre que houver uma pontuação sugestiva de sofrimento emocional das gestantes. 

As notificações, que valem tanto para as participantes de Indaiatuba e de Jaguariúna, onde o “Primeiros Laços” também é aplicado, já resultaram no encaminhamento de cinco futuras mães para acompanhamento na atenção primária de saúde. O alerta foi emitido devido a pontuações acentuadas na “escala de depressão”. 

Trabalho conjunto 

Nos últimos meses, os membros da equipe ainda compareceram às Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Indaiatuba para reforçar a apresentação do programa aos enfermeiros. “Essa atividade foi necessária, pois os enfermeiros das UBS são os responsáveis por despertarem a curiosidade ou o interesse das gestantes”, explica Vinícius Nagy Soares, gestor do Primeiros Laços, sobre a importância do trabalho conjunto. 

As gestantes interessadas devem procurar a equipe de enfermagem da UBS mais próxima para a realização de um pré-cadastro. Para participar, elas precisam estar na primeira gestação, ter de 14 a 20 anos e estar entre a 8ª e a 20ª semana gestacional.

Em agosto, o grupo também passou a realizar reuniões semanais com os enfermeiros que atuam em Jaguariúna, a fim de consolidar ainda mais o vínculo entre os pesquisadores e os profissionais da atenção primária de saúde, que recebem as gestantes.

O programa

Gerenciado pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM), o “Primeiros Laços” acompanhará mãe e bebê desde a gestação até os 2 anos de idade da criança. Cada participante receberá 38 visitas, sendo 13 durante a gestação, três no puerpério, 12 quando o bebê tiver entre 2 e 12 meses e mais 10 entre o primeiro e o segundo ano de vida da criança. A duração de cada visita varia de 40 a 60 minutos. 

Dados anteriores coletados pelos pesquisadores comprovaram o efeito do programa sobre importantes domínios do desenvolvimento infantil, como a linguagem expressiva e a motricidade grossa. As mães passaram, por exemplo, a desenvolver o hábito de contar histórias ou cantar para a criança, e seus filhos firmaram uma relação de maior confiança com elas. Aos 2 anos, também já se expressavam melhor, apontando objetos e falando. 

O custo-efetividade desta intervenção na saúde pública também será avaliado a fim de verificar o potencial de escalabilidade para outros municípios e regiões, tornando-se, de fato, uma política pública completamente inserida na rotina das equipes das UBSs.

A meta do programa é atender em torno de 200 adolescentes e jovens gestantes, em situação de vulnerabilidade, por ano, nos municípios de Indaiatuba e Jaguariúna. 

20 de agosto de 2024

Institucional CISM