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Primeiros Laços: programa de visitação domiciliar a jovens gestantes é inaugurado em Indaiatuba

Primeiros Laços: programa de visitação domiciliar a jovens gestantes é inaugurado em Indaiatuba 1858 1240 INPD Cism

O lançamento de “Primeiros Laços” aconteceu na última sexta-feira (28), na UniMAX; adolescentes, de 14 a 20 anos, que estejam em primeira gestação e entre a 8ª e a 20ª semana gestacional devem buscar a UBS mais próxima para participar

Visando melhorar o cuidado da saúde física, mental e emocional, bem como fortalecer os laços afetivos entre mães e bebês, Indaiatuba deu início, na última sexta-feira (28/06), à implementação do programa “Primeiros Laços”. O projeto, gerenciado pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM), consiste em visitas domiciliares realizadas por enfermeiros a jovens gestantes em situação de vulnerabilidade social.

O início do programa foi precedido por diversos estudos, parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e capacitação de enfermeiros das Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade. O evento de inauguração aconteceu durante reunião do Grupo de Trabalho da Atenção Básica (GTAB), no anfiteatro do Centro Universitário Max Planck (UniMAX). 

Durante o lançamento, a doutora Lislaine Aparecida Fracolli, uma das idealizadoras do programa e professora titular da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), explicou que o “Primeiros Laços” é uma intervenção do âmbito da atenção básica. 

“A aposta que a gente faz é investir na relação mãe-criança, como algo que é promotor do desenvolvimento da criança, não só do desenvolvimento físico, mas também em termos de saúde mental”, falou a professora ao longo de sua apresentação. 

Lislaine ainda parabenizou a Prefeitura de Indaiatuba por abarcar a proposta e colocar o programa em sua rede de assistência. “Parabenizo também a UniMAX por, junto com a gente, fazer essa parceria e ajudar esse projeto a ser colocado em prática, melhorando a qualidade da assistência às mães adolescentes e às crianças”, afirmou.

No evento, a professora Lislaine fez uma apresentação sobre o programa (Foto: Arquivo pessoal)

O gestor do projeto e membro do CISM, Vinícius Nagy Soares, destacou que “Primeiros Laços” é um projeto inovador, inspirado em dois programas internacionais voltados às visitas domiciliares. “A gente espera que esse programa promova uma série de benefícios, como o fortalecimento dos laços afetivos entre mãe e bebê”, ressaltou. 

Vinícius ainda enfatizou que a expectativa é de estabelecer um projeto de futuro para as jovens gestantes. “Muitas delas convivem com preconceito, estigma, rejeição familiar, falta de apoio, então a gente conseguir estabelecer um projeto de futuro é fundamental para que essas jovens adolescentes tenham uma perspectiva”, concluiu.  

Autoridades do município de Indaiatuba participaram do evento, como a secretária de saúde Graziela Drigo Bossolan Garcia. Professores e alunos da UniMAX também estiveram presentes no lançamento e assistiram uma apresentação sobre o programa.

A diretora-geral da universidade, Luciana Mori, definiu o lançamento como uma “grande honra e alegria”. “O Primeiros Laços é um programa de relevância social ímpar na área da saúde, porque tem por objetivo cuidar do futuro das nossas crianças, ou seja, do futuro de uma sociedade. Nós, da UniMAX, estamos totalmente dispostos em colaborar ao máximo para que esse projeto seja promovido com excelência, alcance bons resultados e que possamos cuidar da saúde física e mental de mamães e bebês de Indaiatuba”, comentou.

Professores e alunos da UniMAX participaram do evento de lançamento (Foto: Eliandro Figueira)

Como funciona o programa?

De forma abrangente, “Primeiros Laços” aborda cinco eixos da vida das futuras mães: saúde e assistência social; saúde ambiental (que inclui a identificação de recursos a fim de garantir condições de vida adequadas, moradia segura, creche, escola e acesso à saúde); curso de vida; habilidades parentais; e, por fim, família e rede social de apoio. 

As gestantes interessadas devem procurar o enfermeiro da UBS mais próxima para a realização de um pré-cadastro. Para participar, as futuras mamães precisam estar na primeira gestação, ter de 14 a 20 anos e estar entre a 8ª e a 20ª semana gestacional. Segundo os pesquisadores, a escolha dessa faixa etária se deve ao fato de que, na maioria das vezes, as adolescentes não estão preparadas para os desafios da maternidade. 

“Elas enfrentam estigma, rejeição familiar e frequentemente precisam abandonar os estudos, o que tende a agravar o sofrimento emocional e prejudicar suas perspectivas de futuro”, explica o gestor do programa Primeiros Laços. “Em última análise, a falta de apoio se reflete em um cuidado inadequado do bebê, repercutindo de maneira negativa sobre o desenvolvimento infantil”, acrescenta o pesquisador e integrante do CISM. 

O intuito dos pesquisadores é apoiar mães de primeira viagem, ajudando-as a desenvolver competências maternas, estimular seus filhos de maneira adequada, desenvolver laços afetivos com o bebê, proporcionar cuidado sensível e responsivo às necessidades da criança, retomar os estudos e elaborar um projeto de futuro a elas.   

Mãe e bebê serão acompanhados desde a gestação até os 2 anos de idade da criança. Cada participante receberá 38 visitas, sendo 13 durante a gestação, três no puerpério, 12 quando o bebê tiver entre 2 e 12 meses e mais 10 entre o primeiro e o segundo ano de vida da criança. A duração de cada visita varia de 40 a 60 minutos e são quinzenais ou mensais, a depender da idade da criança.

Como participar? 

Oferecido pelo serviço público de saúde, em parceria com pesquisadores de diversas universidades, o programa é inteiramente gratuito. Para se inscrever, as gestantes devem procurar a UBS mais próxima de sua residência para realizar um pré-cadastro.

O surgimento do Primeiros Laços

Criado com o nome “Jovens Mães Cuidadoras” e depois rebatizado como “Primeiros Laços”, a primeira “onda” do programa aconteceu na cidade de São Paulo e foi concluída em 2018. Em 2021, o total de mães acompanhadas ao longo de quase três anos chegou a 167. Os resultados coletados no período tiveram publicações em revistas científicas e indicaram melhora, em relação à maternidade, entre as participantes que receberam a intervenção. 

Dados anteriores coletados pelos pesquisadores comprovaram o efeito do programa sobre importantes domínios do desenvolvimento infantil, como a linguagem expressiva e a motricidade grossa. As mães passaram, por exemplo, a desenvolver o hábito de contar histórias ou cantar para a criança, e seus filhos firmaram uma relação de maior confiança com elas. Aos 2 anos, também já se expressavam melhor, apontando objetos e falando. 

Como reconhecimento de seu potencial e efetividade, “Primeiros Laços” venceu o prêmio Abril & Dasa de Inovação Médica, na categoria “Inovação em Medicina Social”, em 2018. A honraria busca descobrir, reconhecer e valorizar profissionais e instituições que fazem a diferença nas ciências médicas e também nas boas práticas de saúde no país. 

O custo-efetividade desta intervenção na saúde pública também será avaliado a fim de verificar o potencial de escalada para outros municípios e regiões do país, tornando-se, de fato, uma política pública completamente inserida na rotina das equipes das UBSs.

A meta do programa é atender em torno de 200 adolescentes e jovens gestantes por ano, somando-se os municípios de Indaiatuba e Jaguariúna. 

O CISM 

O CISM é um centro de pesquisa e inovação em saúde mental que conta com o aporte e apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Reúne um amplo número de pesquisadores, entre estudantes e professores ligados a universidades. É uma iniciativa da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP) e possui, entre seus parceiros, a UniMAX e o Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ).  

O Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental atua com o propósito de avançar e disseminar o conhecimento sobre saúde mental no Estado de São Paulo até 2033, criando intervenções inovadoras para melhorar o bem-estar das comunidades.

Os pesquisadores investigam os fatores genéticos e ambientais dos transtornos mentais em crianças e adolescentes, trabalham para implementar novas intervenções eficazes na prática clínica por meio da transferência de conhecimento e tecnologia em saúde mental para a sociedade e, ainda, incentivam o empreendedorismo social por meio do desenvolvimento de soluções digitais inovadoras voltadas ao cuidado da saúde mental.

 1 de julho de 2024

Institucional CISM