Integrantes do projeto “Conexão Mentes do Futuro” conduzem estudo sobre riscos para transtornos mentais acompanhando crianças e jovens de 2.511 famílias
A equipe do “Conexão Mentes do Futuro” alcançou a marca de 1 ano de coletas de dados na terceira onda do projeto de pesquisa. O longo estudo de coorte de alto risco para transtornos mentais teve início, ainda em 2010, em 57 escolas nas cidades de São Paulo e Porto Alegre, recrutando 2.511 crianças e suas famílias.
A cada três anos, ocorre uma onda de coleta de dados para acompanhar o curso de vida e desenvolvimento dessas famílias. Atualmente, os 2.511 participantes centrais já são maiores de idade.
Neste primeiro ano da terceira onda, os pesquisadores avaliaram 900 participantes na capital gaúcha. Laila Souza, gestora do projeto em Porto Alegre, celebra a marca desafiadora. “Tenham certeza de que pesquisa se faz com pessoas”, comenta a gestora. “Obrigada a todos que tornaram isso possível! “, acrescenta a pesquisadora.
Outra conquista que a equipe celebrou nos últimos meses refere-se ao total geral de participantes já avaliados pelos psicólogos ao longo do estudo, até o fim de julho: 1.847. O dado representa uma retenção de 73,3% dos pesquisados.
Durante a avaliação psicológica, os participantes passam por uma coleta de cabelo para exames toxicológicos e depois são convidados a coletar sangue para análises genéticas e ainda realizam exames de ressonância magnética e avaliações psiquiátricas.
Também nos últimos meses, o grupo adaptou o protocolo de pesquisa incluindo uma entrevista aberta, realizada por psiquiatra, com os responsáveis pelos participantes que possuem algum déficit cognitivo ou doença incapacitante que impossibilitam a avaliação. A entrevista visa abordar o estado de saúde e vida do jovem com hipóteses diagnósticas.
“O piloto com o familiar foi muito rico no sentido de entender como os responsáveis percebem as dificuldades dos jovens e qual a percepção deles sobre possíveis diagnósticos”, explica Laila. Além de duas gestoras e da psiquiatra, a equipe, que atua nas duas cidades, é integrada por psicólogos, biomédicos e assistente social.
Nos últimos meses, o grupo abriu processos seletivos para novos psicólogos em São Paulo e Porto Alegre. A contratação de psiquiatras também está prevista para compor a equipe de avaliações devido ao aumento da demanda dos jovens participantes.
O projeto
O projeto “Conexão Mentes do Futuro” acompanha crianças e jovens de 2.511 famílias oriundas de 57 escolas nas cidades de São Paulo e Porto Alegre. O estudo criou um banco de dados com centenas de milhares de variáveis para análise e desenvolvimento de perguntas de pesquisa em saúde mental, incluindo genética e estrutura cerebral.
O objetivo do projeto é identificar os fatores biológicos (genes) e sociais (ambiente) relacionados à origem dos transtornos mentais e variações no desenvolvimento cognitivo. Ou seja, entender como esses fatores afetam o desenvolvimento do cérebro e seus correlatos comportamentais, emocionais e de aprendizagem na adolescência e vida adulta.
Ainda em junho, os pesquisadores seguiram na coleta de avaliações psiquiátricas, adotando novas estratégias para tornar o processo mais ágil. No mês, foram avaliados participantes da pesquisa que possuem transtornos graves e deficiências intelectuais.
O projeto “Conexão Mentes do Futuro” faz parte de um movimento dedicado aos estudos sobre os jovens em todo o mundo. O projeto proporcionará insights mais profundos e, até então, inalcançáveis sobre as origens dos transtornos mentais.
Os profissionais que integram a pesquisa fazem inúmeras avaliações: de dificuldades emocionais, como ansiedade e depressão; questões de comportamento, como déficit de atenção e hiperatividade; dificuldades de aprendizagem; e geral da saúde física. Eles estão sempre prontos a esclarecer dúvidas e encaminhar para ajuda especializada.
Seguindo um dos objetivos do Módulo 1 do Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM), o projeto também está focado em dados transgeracionais, avaliando os pais dos participantes recrutados nas escolas. Os pesquisadores também estão desenvolvendo o protocolo para avaliação dos filhos destes participantes. A coleta dos pais já resultou em 658 avaliações desde março e o piloto para a avaliação dos filhos está previsto para o final do ano.
20 de agosto de 2024
Institucional CISM