O game de realidade virtual vem sendo desenvolvido junto a pesquisadores do CISM; um artigo científico com o estudo piloto do projeto acaba de ser publicado no periódico JMIR
Um estudo, conduzido por integrantes do Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM), em parceria com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), confirmou que o exergame “Move Sapiens”, jogo que usa realidade virtual para a prática de exercício, é mais eficaz para o engajamento e melhora da aptidão física do que treinamento de alta intensidade tradicional.
A descoberta levou à publicação de um artigo científico na revista Journal of Medical Internet Research (JMIR) – Serious Games, no dia 7 de janeiro. O material é a primeira publicação relacionada ao estudo, que testa a ferramenta para o tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em adolescentes de 12 a 17 anos.
O estudo piloto envolveu estudantes de medicina que participaram de sessões de treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT), utilizando o exergame de realidade virtual e de treinamento funcional tradicional (HICT). Comparados, os resultados mostraram que ambos os métodos foram eficazes na melhoria da aptidão física dos participantes. O primeiro, entretanto, proporcionou um nível mais alto de engajamento e satisfação.
Além de elevar a frequência cardíaca e o esforço físico de forma eficaz, o exergame manteve a motivação e o engajamento dos usuários, graças à imersão da realidade virtual. Por isso, segundo os pesquisadores, a ferramenta tecnológica oferece uma alternativa inovadora para unir exercício físico, ciência e diversão para o tratamento do transtorno.
“Este estudo é um marco na nossa missão de transformar o tratamento do TDAH com soluções tecnológicas baseadas em evidências”, destaca Pietro Krauspenhar Merola, desenvolvedor do jogo. “Além disso, nossos estudos clínicos com pacientes com TDAH seguem em andamento para oferecer o melhor em inovação e resultados terapêuticos”.
O TDAH é uma alteração do neurodesenvolvimento caracterizada por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade e afeta de 3 a 5% da população escolar global.
O membro do CISM, CEO da startup ‘Move Sapiens’ e doutor em Ciências do Exercício e do Esporte pela Universidade de São Paulo (USP) explica que o compromisso dos pesquisadores do projeto é desenvolver terapias eficazes e motivadoras, especialmente para jovens que precisam de alternativas aos métodos tradicionais ou farmacológicos.
Matheus Carvalho Chagas, diretor de tecnologia da startup e aluno de Engenharia Biomédica na Universidade Federal do ABC (UFABC), também é um dos desenvolvedores.
O futuro da ciência combinada à tecnologia
Além de auxiliar populações jovens já familiarizadas com tecnologias digitais, a ferramenta pode também ser uma alternativa para aqueles que buscam variar suas rotinas de exercícios ou que enfrentam barreiras para participar de treinamentos tradicionais.
“À medida que a tecnologia avança, é provável que vejamos uma integração ainda maior entre saúde, fitness e plataformas digitais, abrindo novas possibilidades para a promoção da atividade física e do bem-estar”, comenta o pesquisador Pietro.
O estudo científico publicado na JMIR ainda abre caminho para pesquisas adicionais com amostras maiores e diversificadas para confirmar os achados e explorar os potenciais benefícios do exergame de realidade virtual em diferentes contextos e populações.
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Relevância da pesquisa
O Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM) conta com uma área dedicada a aumentar a relevância da pesquisa científica como motor para novas ideias emergentes em saúde mental digital, inovação e empreendedorismo, a fim de prevenir e cuidar de diferentes transtornos mentais. Este núcleo é chamado de “Módulo II”.
O “Move Sapiens” integra as inovações deste módulo, no qual as equipes criam um ambiente para o desenvolvimento de soluções digitais de forma que possam ser expandidas e aplicadas no Brasil e em outros cenários com recursos limitados, testando sua eficácia.
A partir desta abordagem, o CISM avança em direção à tradução clínica dos achados das pesquisas, buscando intervir em fatores modificáveis para a doença por meio das inovações tecnológicas pensadas e desenvolvidas por seus pesquisadores.
Andamento do estudo
O “Move Sapiens” incorpora um modelo curto de Treinamento Intervalado de Alta Intensidade (HIIT), com 12 ciclos de exercícios, que incluem 16 segundos de esforço máximo, seguidos por 20 segundos de descanso, totalizando 7 minutos e 12 segundos.
O maior objetivo é avaliar se a intervenção aplicada três vezes por semana, durante quatro semanas, pode induzir melhorias observáveis na função executiva e atenção, bem como na redução de sintomas do TDAH, como problemas de sono e ansiedade.
Atualmente, o estudo está sendo aplicado em participantes no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS) e na rede de atenção especializada da cidade de Indaiatuba (SP).
Para participar é preciso ter de 12 a 17 anos, possuir diagnóstico de TDAH e não estar tomando medicação para o transtorno. Depois de passarem por uma entrevista online, os participantes devem visitar o laboratório cinco vezes, responder a questionários, fazer testes e praticar 20 sessões com o exergame em casa, com duração de 8 minutos.
Para mais informações, contate: (19) 99006-0349 / gamevrtdah@gmail.com.
28 de janeiro de 2025
Institucional CISM