O lançamento da intervenção tecnológica chamada “CONEMO” aconteceu durante evento, na UniMAX, na tarde desta sexta-feira (30)
A população da cidade de Indaiatuba, no interior de São Paulo, será beneficiada pela inclusão de um aplicativo de celular, no sistema público de saúde, que visa reduzir sintomas de depressão, ansiedade e insônia. O lançamento da intervenção tecnológica ocorreu no Centro Universitário Max Planck (UniMAX), na tarde desta sexta-feira (30/8).
Batizada de “CONEMO” (CONtrole EMOcional), a ferramenta foi desenvolvida por uma equipe que atua no Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM).
Em um primeiro momento, o aplicativo será disponibilizado aos pacientes atendidos por duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de Indaiatuba – Campo Bonito e João Pioli. Futuramente, deverá ser estendido às demais UBSs da cidade.
Segundo os pesquisadores responsáveis pelo estudo que embasa o app, além de melhorar o acesso ao tratamento para esses casos, espera-se que as terapias não-guiadas, possibilitadas pelo CONEMO, reduzam a sobrecarga nas unidades básicas de saúde
“Os transtornos mentais comuns, como a depressão, ansiedade e a insônia, provocam impacto grande na saúde, economia e qualidade de vida das pessoas e das comunidades. É impossível pensar em somente uma forma de cuidar quando falamos nestas questões”, ressalta a doutora Heloísa Garcia Claro, docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e co-pesquisadora responsável pelo CONEMO.
Na avaliação da doutora Heloísa, além do cuidado tradicional, do consultório, também são necessárias iniciativas que cheguem rapidamente às pessoas que estão em sofrimento na comunidade, utilizando de todos os recursos à disposição.
“A tecnologia alcança a muitos e nos ajuda a atingir de 70 a 80% das pessoas que estão nas comunidades em sofrimento e não chegam aos serviços de saúde para cuidar dessas questões de saúde mental”, afirma a co-pesquisadora responsável pelo app.
Além de integrantes do CISM e da UniMAX, o evento de lançamento também contou com a presença de representantes da Secretaria de Saúde de Indaiatuba, entre eles Natália Lazazzera de Azevedo, coordenadora da UBS João Pioli. “Estamos muito felizes e empolgados com esse projeto, veio a agregar muito à população de Indaiatuba”, declarou a coordenadora.
Como acessar o aplicativo
Interessados, que sejam da área de abrangência das duas UBSs, devem se dirigir à unidade para escanear o QRCode do CONEMO. Em seguida, deverão preencher um formulário online e questionários que verificarão se a pessoa está dentro dos parâmetros exigidos. Caso esteja, imediatamente será disponibilizado um botão para baixar o app.
Pacientes das unidades básicas de saúde também poderão ser indicados pelos profissionais para o uso da ferramenta. Confira os pré-requisitos para acesso:
- Ter 18 anos ou mais;
- Ter sintomas significativos de ansiedade, insônia ou depressão (identificados em questionários);
- Não ter risco de suicídio moderadamente alto ou alto (constatado em questionários);
- Estar apto a ler as instruções do aplicativo através de um smartphone ou tablet.
O CONEMO
A depressão, frequentemente associada a comorbidades como diabetes e doenças cardiovasculares, bem como ansiedade e insônia, representa um grande desafio nos países de baixa e média renda, devido à falta de recursos especializados em saúde mental.
O aplicativo CONEMO baseia-se na ativação comportamental para pessoas acometidas por ansiedade, depressão e insônia a fim de auxiliá-las a diminuir esses sintomas. A ferramenta entrega uma intervenção de psicoterapia cognitivo-comportamental, com jornadas de sessões e vídeos voltados ao tratamento de cada um desses sintomas e sugere atividades, dicas e estratégias que visam melhorar a saúde dos usuários.
O CONEMO faz parte de um projeto conduzido por psicólogos, médicos, enfermeiros e pesquisadores com experiência em estudos semelhantes. A equipe abordará o contexto de saúde e sociodemográfico dos pacientes e fará análises estatísticas, a partir de questionários, para avaliar a eficácia do tratamento, com foco na redução dos sintomas.
Além disso, o grupo irá coletar dados qualitativos, por meio de entrevistas, para compreender as barreiras e os facilitadores da intervenção. Depois de três meses, os usuários do app responderão novamente os questionários para que os pesquisadores analisem e identifiquem quais foram suas evoluções depois do uso do aplicativo.
Equipes de saúde e psicólogos da própria rede de saúde também estão sendo treinados na utilização do aplicativo para incorporar o uso em sua prática de rotina.
O CISM
O Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM) conta com o aporte e apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Reúne um amplo número de pesquisadores, entre estudantes e professores ligados a universidades. É uma iniciativa da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP) e Unicamp e possui, entre seus parceiros, a UniMAX e o Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ).
O Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental atua com o propósito de avançar e disseminar o conhecimento sobre saúde mental no Estado de São Paulo até 2033, criando intervenções inovadoras para melhorar o bem-estar das comunidades.
Os pesquisadores investigam os fatores genéticos e ambientais dos transtornos mentais em crianças e adolescentes, trabalham para implementar novas intervenções eficazes na prática clínica por meio da transferência de conhecimento e tecnologia em saúde mental para a sociedade e, ainda, incentivam o empreendedorismo social por meio do desenvolvimento de soluções digitais inovadoras voltadas ao cuidado da saúde mental.
30 de agosto de 2024 – Atualizado em 2 de setembro de 2024
Institucional CISM