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Estudo busca avaliar eficácia de diferentes tratamentos para TOC

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Por Victória Cirino

Realizado nas cidades de São Paulo e Recife, o estudo “Desenvolvendo estratégias adaptativas para o tratamento de crianças e adolescentes com transtorno obsessivo compulsivo” pretende observar a eficácia dos dois tratamentos mais consagrados para o TOC: a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a prescrição de medicamentos psiquiátricos que inibam a recaptura de serotonina.

Foram incluídos mais de 100 pacientes até o momento. Eles são distribuídos de maneira aleatória entre o grupo que receberá a terapia comportamental e o grupo que receberá a medicação. Após 14 semanas de tratamento, aqueles que responderem à intervenção continuarão sendo acompanhados da mesma forma. Os indivíduos que não apresentarem melhoras serão novamente randomizados e, a seguir, podem ser tratados pelo outro método (quem não respondeu à TCC passaria a utilizar a medicação e vice-versa) ou passam a receber os dois tratamentos simultaneamente.

“Não existem dados de tratamentos sequenciais para nenhuma condição de saúde mental pediátrica na literatura médica”, afirma Roseli Shavitt, psiquiatra responsável por este projeto do INPD. “Embora conheçam-se tratamentos de primeira linha para o TOC pediátrico, (a terapia e a medicação), eles têm re

Pesquisadores do projeto

sultados semelhantes em casos leves a moderados. São tratamentos já consagrados, mas nós não temos dados da literatura a respeito de possíveis diferenças entre sequências distintas de tratamentos sobre resultados a médio prazo”, esclarece Shavitt.

Esses dados podem ser utilizados, inclusive, pelos gestores das secretarias de saúde. “Se sequências de tratamento levarem a resultados semelhantes no médio prazo, as autoridades responsáveis pela elaboração das políticas de saúde mental podem decidir se querem investir recursos na contratação e na formação de terapeutas ou na contratação de médicos e na compra de medicamentos. Se um resultado for melhor do que o outro, isso já dá evidências para investir em um tipo de tratamento e depois em outro”, explica a coordenadora do estudo, que afirma que esse mesmo modelo de ensaio clínico pode ser adotado para o estudo do tratamento de outros transtornos comuns na população de crianças e adolescentes.

Apesar de na idade adulta existirem homens e mulher com TOC em proporções semelhantes, existe um pico de incidência da doença para os pacientes do sexo masculino antes dos 10 anos de idade. Dessa forma, o estudo beneficiaria crianças com aparecimento precoce dos sintomas, pois ofereceria tratamento logo no início da manifestação do transtorno.

O estudo ainda está em desenvolvimento: até o final deste ano, as intervenções serão encerradas. O primeiro artigo originado do projeto está em fase final de redação. “Estamos elaborando um artigo sobre os procedimentos metodológicos que será submetido a um periódico especializado em estudos em tratamento sequenciais randomizados”, comenta Shavitt.