Os dados resultam do ciclo II da formação de educadores dos municípios de Jaguariúna e Indaiatuba (SP); equipe prepara a terceira rodada da capacitação 

O projeto “Saúde Mental nas Escolas”, voltado à capacitação de educadores para o manejo de transtornos mentais e de conduta em sala de aula, demonstrou impactos significativos nas redes municipais de ensino de Jaguariúna e Indaiatuba, no interior de São Paulo. Entre junho e outubro de 2024, 315 professores foram certificados no segundo ciclo de formação, aumentando de 90% a 253% a percepção de suas habilidades após o curso.

Os dados foram obtidos por meio de uma pesquisa aplicada antes e depois da formação. O programa, desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM) em parceria com o Instituto Ame Sua Mente (IASM) e as prefeituras de Jaguariúna e Indaiatuba, evidenciou avanços relevantes.

Segundo Henrique Akiba, psicólogo e pesquisador do CISM, antes da formação, a percepção pessoal da habilidade para lidar com diferentes transtornos mentais era notavelmente baixa entre os participantes, especialmente em áreas como transtornos de humor, ansiedade, conduta e dependência de substâncias. Já após o curso, essa sensação aumentou de forma notável. Confira os principais resultados a seguir:

• Transtornos de humor e depressão: aumento de 253% na percepção de preparo para manejo;
• Uso de álcool e outras drogas: 218%;
• Transtornos de ansiedade: 214%;
• Transtornos de conduta: 159%;
• Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): 90%.

Do total de 315, foram formados na capacitação 206 professores de Jaguariúna e 109 de Indaiatuba, abrangendo desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental e a Educação Especial. O terceiro ciclo de formação já está em fase de planejamento para atender educadores que não tiveram a oportunidade de participar nas últimas rodadas.

Mais preparo para identificar e encaminhar casos

Os resultados da análise revelam que o projeto também proporcionou um aumento significativo na percepção de preparo dos educadores não só para lidar com os casos de saúde mental, mas também para identificar problemas e realizar encaminhamentos.

Antes da capacitação, apenas 18,4% dos participantes (2 a cada 10) se sentiam preparados para identificar casos. Após a formação, esse índice subiu para 40,34%. Já a sensação de habilidade para encaminhar alunos com necessidade de apoio especializado passou de 24,18% para 32,58%. 

“Os dados demonstram que a formação teve um impacto positivo no letramento dos educadores que passaram pelo curso”, aponta Akiba. “A análise dos resultados evidencia mudanças significativas na percepção dos educadores em relação às suas habilidades para identificar, lidar e encaminhar situações que envolvem sofrimento psíquico no ambiente escolar”. 

Conteúdo acessível e aplicável 

O “Saúde Mental nas Escolas” conta com planos de aula, jogos e conteúdos digitais, além de um protocolo de encaminhamento, que apoia os educadores no diálogo com os serviços de saúde. Esse conjunto de materiais permite um treinamento remoto altamente qualificado, a baixo custo e escalável.

Indicadores relacionados ao aproveitamento da formação mostram que os conteúdos ofertados pelo programa conquistaram a adesão dos professores: 85% deles afirmaram que pretendem utilizar os planos de aula e 65,7% já compartilharam os materiais com colegas e alunos.

Além disso, o protocolo de encaminhamento foi considerado útil por 97% dos participantes.

Saúde Mental nas Escolas

O programa tem o intuito de proporcionar o letramento em saúde mental dos educadores por meio do ensino à distância e, assim, combater o estigma, promover a saúde mental, prevenir e atenuar o impacto dos transtornos mentais dentro das escolas. 

A formação visa apoiar os professores no manejo das questões de saúde mental em sala de aula, além de ajudar a antecipar a identificação e o encaminhamento de alunos com problemas que envolvem sofrimento psíquico no ambiente escolar aos serviços especializados.

29 de abril de 2025 

Institucional CISM