Um extenso artigo que detalha o método do programa de visitação domiciliar de enfermeiras a jovens gestantes ganhou publicação em importante periódico internacional
O modelo de criação, desenvolvimento e implementação do programa “Primeiros Laços” agora é de conhecimento mundial. Isso porque, no último mês, um artigo que detalha o protocolo do projeto, seus métodos e materiais, saiu no periódico internacional Frontiers in Psychiatry. A publicação permite que cientistas do mundo inteiro possam conhecer, estudar e replicar as práticas do programa em suas realidades.
Criado há 10 anos na cidade de São Paulo, ainda com o antigo nome “Jovens Mães Cuidadoras”, o “Primeiros Laços” já teve seus resultados divulgados em mais de 10 revistas científicas. Entretanto, a publicação deste recente artigo na Frontiers in Psychiatry é a primeira a detalhar o protocolo do estudo, cujo objetivo é promover a implementação do programa como serviço público e gratuito de saúde oferecido à sociedade.
“A publicação do protocolo proporciona transparência metodológica, permitindo que outros pesquisadores e gestores públicos repliquem o nosso modelo. Esse é um passo fundamental em direção à internacionalização e à inserção do programa nos serviços públicos de saúde”, comenta Vinícius Nagy Soares, gestor do programa.
Gerenciado pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM), atualmente o programa é desenvolvido nas cidades de Jaguariúna e Indaiatuba, no interior de São Paulo, em parceria com as secretarias municipais de saúde, com o Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ) e o Centro Universitário Max Planck (UniMAX).
É voltado ao cuidado da saúde mental, física e emocional de jovens gestantes de primeira viagem, bem como ao desenvolvimento físico e cognitivo de seus bebês até os 2 anos. Ambos são acompanhados em rotineiras visitas domiciliares de enfermeiras.
O artigo mostra que a gravidez na adolescência ainda é um grande desafio de saúde pública, especialmente em contextos de vulnerabilidade social. Em 2020, no Brasil, cerca de 14% de todos os nascimentos foram de mães adolescentes. A publicação apresenta o “Primeiros Laços” como uma alternativa aos desfechos negativos geralmente associados à gravidez precoce, como riscos aumentados, problemas emocionais e exclusão social.
O protocolo
O modelo do programa, apresentado no periódico internacional, detalha o seu método de desenvolvimento a partir de um ensaio clínico randomizado híbrido. Ou seja, que divide as participantes em dois grupos: o “controle”, que não recebe as visitas domiciliares das enfermeiras, e o “intervenção”, ao qual é oferecido o acompanhamento total. O protocolo explica como os grupos são montados a partir de um algoritmo de computador.
A publicação apresenta, ainda, os instrumentos validados utilizados pelos pesquisadores para avaliar a saúde mental das mães participantes, o desenvolvimento infantil, as interações mãe-bebê (foco de atenção do programa) e a qualidade do ambiente domiciliar. Entre esses questionários estão as escalas de Depressão Pós-Natal de Edimburgo (EPDS), de Estresse na Gravidez de Tilburg (TPDS), Bayley de Desenvolvimento Infantil e do Bebê e as escalas de Sensibilidade Materna de Ainsworth.
Já para a avaliação dos desfechos de implementação, o protocolo define a aplicação de entrevistas semiestruturadas com atores-chave – por exemplo, profissionais de saúde, equipe do projeto e participantes – e a Program Sustainability Assessment Tool para identificar fatores que influenciam a viabilidade do programa a longo prazo.
O artigo explica também como o projeto envolve os gestores de saúde e treina as enfermeiras responsáveis pelas visitas domiciliares. Apresenta, ainda, como se dá o processo de implementação a partir da análise de barreiras, facilitadores e sustentabilidade e de fatores como inovação e conexão – incluindo financiamento, parcerias e colaborações.
Por fim, o protocolo publicado no periódico detalha as responsabilidades da equipe, o que ocorre nas visitas domiciliares, como o avanço do programa é supervisionado, como ocorre o processo de recrutamento das participantes, além de considerações éticas.
“Após a fase de implementação, os dados da atual “terceira onda” do programa serão avaliados e, confirmando-se sua eficácia e viabilidade, o “Primeiros Laços” poderá ser expandido e até servir como modelo para outros países, ajudando a reduzir desigualdades e a promover um início de vida mais saudável para milhares de crianças”, afirma o gestor.
Gostou do artigo? Quer conhecer melhor o protocolo do “Primeiros Laços”? Clique AQUI para acessar o artigo na íntegra, na revista Frontiers in Psychiatry.
Como participar
Para ingressar no “Primeiros Laços”, jovens gestantes moradoras de Jaguariúna devem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência. É necessário estar na primeira gestação, com até 20 semanas e ter de 14 a 24 anos de idade.
As interessadas também podem contatar a equipe do programa para tirar dúvidas através do WhatsApp (19) 99568-8845 ou do e-mail primeiros.lacos.cism@gmail.com. O projeto possui, ainda, uma página no Instagram com mais informações: @primeiroslacos_
4 de setembro de 2025
Institucional CISM