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Protocolo do programa “Primeiros Laços” poderá ser acessado por cientistas no mundo todo

Protocolo do programa “Primeiros Laços” poderá ser acessado por cientistas no mundo todo 950 798 INPD Cism

Um extenso artigo que detalha o método do programa de visitação domiciliar de enfermeiras a jovens gestantes ganhou publicação em importante periódico internacional

O modelo de criação, desenvolvimento e implementação do programa “Primeiros Laços” agora é de conhecimento mundial. Isso porque, no último mês, um artigo que detalha o protocolo do projeto, seus métodos e materiais, saiu no periódico internacional Frontiers in Psychiatry. A publicação permite que cientistas do mundo inteiro possam conhecer, estudar e replicar as práticas do programa em suas realidades. 

Criado há 10 anos na cidade de São Paulo, ainda com o antigo nome “Jovens Mães Cuidadoras”, o “Primeiros Laços” já teve seus resultados divulgados em mais de 10 revistas científicas. Entretanto, a publicação deste recente artigo na Frontiers in Psychiatry é a primeira a detalhar o protocolo do estudo, cujo objetivo é promover a implementação do programa como serviço público e gratuito de saúde oferecido à sociedade.

“A publicação do protocolo proporciona transparência metodológica, permitindo que outros pesquisadores e gestores públicos repliquem o nosso modelo. Esse é um passo fundamental em direção à internacionalização e à inserção do programa nos serviços públicos de saúde”, comenta Vinícius Nagy Soares, gestor do programa.

Gerenciado pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM), atualmente o programa é desenvolvido nas cidades de Jaguariúna e Indaiatuba, no interior de São Paulo, em parceria com as secretarias municipais de saúde, com o Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ) e o Centro Universitário Max Planck (UniMAX). 

É voltado ao cuidado da saúde mental, física e emocional de jovens gestantes de primeira viagem, bem como ao desenvolvimento físico e cognitivo de seus bebês até os 2 anos. Ambos são acompanhados em rotineiras visitas domiciliares de enfermeiras.  

O artigo mostra que a gravidez na adolescência ainda é um grande desafio de saúde pública, especialmente em contextos de vulnerabilidade social. Em 2020, no Brasil, cerca de 14% de todos os nascimentos foram de mães adolescentes. A publicação apresenta o “Primeiros Laços” como uma alternativa aos desfechos negativos geralmente associados à gravidez precoce, como riscos aumentados, problemas emocionais e exclusão social.

O protocolo 

O modelo do programa, apresentado no periódico internacional, detalha o seu método de desenvolvimento a partir de um ensaio clínico randomizado híbrido. Ou seja, que divide as participantes em dois grupos: o “controle”, que não recebe as visitas domiciliares das enfermeiras, e o “intervenção”, ao qual é oferecido o acompanhamento total. O protocolo explica como os grupos são montados a partir de um algoritmo de computador.  

A publicação apresenta, ainda, os instrumentos validados utilizados pelos pesquisadores para avaliar a saúde mental das mães participantes, o desenvolvimento infantil, as interações mãe-bebê (foco de atenção do programa) e a qualidade do ambiente domiciliar. Entre esses questionários estão as escalas de Depressão Pós-Natal de Edimburgo (EPDS), de Estresse na Gravidez de Tilburg (TPDS), Bayley de Desenvolvimento Infantil e do Bebê e as escalas de Sensibilidade Materna de Ainsworth.

Já para a avaliação dos desfechos de implementação, o protocolo define a aplicação de entrevistas semiestruturadas com atores-chave – por exemplo, profissionais de saúde, equipe do projeto e participantes – e a Program Sustainability Assessment Tool para identificar fatores que influenciam a viabilidade do programa a longo prazo. 

O artigo explica também como o projeto envolve os gestores de saúde e treina as enfermeiras responsáveis pelas visitas domiciliares. Apresenta, ainda, como se dá o processo de implementação a partir da análise de barreiras, facilitadores e sustentabilidade e de fatores como inovação e conexão – incluindo financiamento, parcerias e colaborações. 

Por fim, o protocolo publicado no periódico detalha as responsabilidades da equipe, o que ocorre nas visitas domiciliares, como o avanço do programa é supervisionado, como ocorre o processo de recrutamento das participantes, além de considerações éticas. 

“Após a fase de implementação, os dados da atual “terceira onda” do programa serão avaliados e, confirmando-se sua eficácia e viabilidade, o “Primeiros Laços” poderá ser expandido e até servir como modelo para outros países, ajudando a reduzir desigualdades e a promover um início de vida mais saudável para milhares de crianças”, afirma o gestor.

Gostou do artigo? Quer conhecer melhor o protocolo do “Primeiros Laços”? Clique AQUI para acessar o artigo na íntegra, na revista Frontiers in Psychiatry. 

Como participar 

Para ingressar no “Primeiros Laços”, jovens gestantes moradoras de Jaguariúna devem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência. É necessário estar na primeira gestação, com até 20 semanas e ter de 14 a 24 anos de idade. 

As interessadas também podem contatar a equipe do programa para tirar dúvidas através do WhatsApp (19) 99568-8845 ou do e-mail primeiros.lacos.cism@gmail.com. O projeto possui, ainda, uma página no Instagram com mais informações: @primeiroslacos_

4 de setembro de 2025  

Institucional CISM