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“Primeiros Laços”: Programa de visitas domiciliares e apoio a jovens gestantes é lançado em Jaguariúna

“Primeiros Laços”: Programa de visitas domiciliares e apoio a jovens gestantes é lançado em Jaguariúna 2560 1828 INPD Cism

O serviço é gratuito e disponibilizado nas UBSs do município para acompanhamento de mães e bebês; o lançamento ocorreu na tarde desta quinta-feira (14), em evento na UniFAJ

O “Primeiros Laços” acaba de ser ampliado em Jaguariúna, no interior de São Paulo. A Secretaria Municipal de Saúde designou duas enfermeiras da Atenção Primária para a realização das visitas domiciliares de acompanhamento de jovens gestantes e seus bebês. O lançamento ocorreu na tarde desta quinta-feira (14), no Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ).   

O objetivo do serviço é promover o desenvolvimento infantil, o vínculo entre mãe e bebê e o cuidado da saúde mental, física e emocional de gestantes “de primeira viagem” que tenham entre 14 e 24 anos. Assim como na cidade de Indaiatuba, as enfermeiras acompanharão as participantes desde a gestação até os 2 anos de idade de seus filhos. 

O “Primeiros Laços” é gerenciado pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM) em parceria com a UniFAJ e a Secretaria de Saúde de Jaguariúna. 

Na cerimônia de lançamento, no anfiteatro do Campus II, estiveram presentes pesquisadores do CISM envolvidos no projeto, como a professora Lislaine Aparecida Fracolli, da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP), Vinícius Nagy Soares, gestor do programa e os pesquisadores Emílio Abelama Neto e Natália Becker. Também participaram integrantes da UniFAJ, como o diretor Flávio Fernandes Pacetta e a coordenadora do curso de enfermagem Adriana Tebaldi Pereira. 

Além dos integrantes do CISM e UniFAJ, o evento contou com enfermeiros e autoridades do município, entre elas a secretária de saúde Maria da Conceição de Oliveira Camilo e o coordenador da Atenção Primária, Leandro Donizete Ferreira.

“A partir de agora, com o oferecimento das visitas domiciliares às jovens gestantes, teremos um ganho significativo na assistência a gestantes em situação de vulnerabilidade social, com repercussões positivas na saúde mental no desenvolvimento infantil”, explica Vinícius.

A professora Adriana comentou que estudantes da UniFAJ integram o projeto como bolsistas de Iniciação Científica (IC) do CISM. “Para nossos alunos, o programa surge como grande oportunidade de experiência junto à atenção primária e na área de pesquisa, pois poderão adquirir um conhecimento aprofundado sobre gestação na adolescência e desenvolvimento infantil”, ressaltou. 

Como participar 

Para ingressar no “Primeiros Laços”, jovens gestantes moradoras de Jaguariúna devem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência. É necessário estar na primeira gestação, com até 20 semanas e ter de 14 a 24 anos de idade. 

As interessadas também podem contatar a equipe do programa para tirar dúvidas através do WhatsApp (19) 99568-8845 ou do e-mail primeiros.lacos.cism@gmail.com. O projeto possui, ainda, uma página no Instagram com mais informações: @primeiroslacos_   

As enfermeiras de Jaguariúna foram capacitadas para atuar no programa (Foto: Divulgação/CISM)

“Temos o privilégio de ter hoje a UniFAJ e a UniMAX como as únicas instituições de ensino privado a participar desse projeto, que é tão importante para a população de Jaguariúna. É a inovação e a pesquisa trazendo soluções para a comunidade, em uma área que cada vez mais demanda esse tipo de atenção, principalmente para a saúde mental dessas jovens mães, que muitas vezes não se sentem preparadas para esse momento tão importante em suas vidas”, salienta o diretor-geral da UniFAJ, o professor Flávio.

O programa

O “Primeiros Laços” surgiu a partir da compreensão de que a gestação em idades precoces é um fator de risco psicossocial importante para o desenvolvimento da criança e da mãe. A primeira “onda” aconteceu na cidade de São Paulo e foi concluída em 2018. 

Os resultados coletados no período tiveram publicações em revistas científicas e indicaram melhora, em relação à maternidade, entre as participantes que receberam a intervenção das visitas domiciliares das enfermeiras – saiba mais neste estudo

Cada participante recebe um total de 38 visitas domiciliares – 13 durante a gestação, três no puerpério, 12 quando o bebê tem entre 2 e 12 meses e 10 entre o primeiro e o segundo ano de vida da criança. A duração de cada visita varia de 40 a 60 minutos e são quinzenais ou mensais, a depender da idade do bebê. 

Durante as visitas, as enfermeiras também orientam as mães de primeira viagem sobre a preparação para o parto e a rotina que terão com o bebê após o nascimento, ensinando-as a trocar fralda, dar banho, amamentar, entre outras atividades práticas.

Nas visitas, as jovens gestantes aprendem atividades práticas da rotina com o bebê (Foto: Divulgação/CISM)

O “Primeiros Laços” busca diminuir o sofrimento emocional pré e pós-parto das gestantes, melhorar desfechos relacionados à saúde, desenvolver habilidades parentais, proporcionar maior sensibilidade e responsividade às necessidades dos filhos, fortalecer os laços afetivos, além de melhorar o desenvolvimento físico, social e cognitivo dos bebês. 

No ano passado, os pesquisadores implementaram um fluxograma, baseado em pontuações sobre o estado emocional das participantes. A plataforma emite notificações automáticas aos supervisores de campo sempre que é identificado um alerta sugestivo de sofrimento emocional ou de outras condições clínicas preocupantes. Nesses casos, as gestantes são encaminhadas para acompanhamento de saúde mental na Atenção Primária. 

Dados anteriores coletados pelos pesquisadores comprovaram o efeito do programa sobre importantes domínios do desenvolvimento infantil, como a linguagem expressiva e a motricidade grossa. As mães passaram, por exemplo, a desenvolver o hábito de contar histórias ou cantar para a criança, e seus filhos firmaram uma relação de maior confiança com elas. Aos 2 anos, também já se expressavam melhor, apontando objetos e falando.

A pesquisadora Lislaine explicou que o programa é inspirado em um modelo americano, o Family Nursing Partnership, que resultou na melhora do “capital humano” dos participantes. “As crianças submetidas ao programa tiveram melhores habilidades cognitivas e sociais, prontidão e desenvolvimento linguístico”, destaca a professora. Em sua apresentação no evento de lançamento, Lislaine comentou sobre a importância do programa para a fase da primeira infância.

Como reconhecimento de seu potencial e efetividade, “Primeiros Laços” venceu o prêmio Abril & Dasa de Inovação Médica, na categoria “Inovação em Medicina Social”, em 2018. A honraria busca descobrir, reconhecer e valorizar profissionais e instituições que fazem a diferença nas ciências médicas e também nas boas práticas de saúde no país.

No lançamento, os pesquisadores Vinícius Nagy, Natália Becker e Lislaine Fracolli apresentaram o programa (Foto: Igor Carreira/Divulgação UniFAJ)

Indaiatuba

Atualmente, além de Jaguariúna, o programa também acontece na cidade de Indaiatuba, interior de São Paulo, em parceria com o Centro Universitário Max Planck (UniMAX) e com a Secretaria Municipal de Saúde da cidade. O custo-efetividade da intervenção será avaliado a fim de verificar o potencial de escalada para outros municípios e regiões do país, tornando-se uma política pública completamente inserida nas UBSs.

Lançado em Indaiatuba em junho de 2024, o “Primeiros Laços” possui 45 participantes no município, sendo que 24 bebês nasceram já no contexto do programa. Desde o início do projeto, as enfermeiras realizaram 231 visitas domiciliares, quatro avaliações de desenvolvimento em bebês que já têm 6 meses de vida e aplicaram 106 baterias de testes emocionais. 

O CISM

O Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM) atua com o propósito de avançar e disseminar o conhecimento sobre saúde mental no Brasil a partir de intervenções inovadoras que melhoram o bem-estar das comunidades, como o Primeiros Laços. 

Reúne um amplo número de pesquisadores, entre estudantes e professores de diversas universidades nacionais e internacionais, numa troca constante de informação e conhecimento. Os maiores nomes da psiquiatria do País – Euripedes Constantino Miguel, Luis Augusto Rohde, Paulo Rossi Menezes e Jair de Jesus Mari – estão à frente. 

Entre sua ações, o grupo investiga os fatores genéticos e ambientais dos transtornos mentais em crianças e adolescentes, trabalha para implementar novas intervenções eficazes na prática clínica por meio da transferência de conhecimento e tecnologia em saúde mental para a sociedade e, ainda, incentiva o empreendedorismo social através do desenvolvimento de soluções digitais inovadoras para o cuidado da saúde mental.

Todas as iniciativas do Centro de Pesquisa só são possíveis graças ao apoio de seus financiadores, que incluem a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Banco Industrial do Brasil (BIB). Além da UniFAJ e UniMAX, o CISM também mantém parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Quer saber mais sobre o CISM e seus projetos? Confira neste link.

14 de agosto de 2025, atualizado em 15 de agosto de 2025, às 13:54   

Institucional CISM