Pesquisadores acreditam que a medida permitiria uma compreensão mais abrangente das interações entre condições e transtornos
Um estudo propôs a incorporação de um “espectro neurodesenvolvimental” nos modelos psiquiátricos transdiagnósticos, visando aprimorar a compreensão e o tratamento de condições como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). A pesquisa foi publicada na revista World Psychiatry.
Intitulado Onde as condições do neurodesenvolvimento se encaixam nas estruturas psiquiátricas transdiagnósticas? Incorporando um novo espectro do neurodesenvolvimento, em tradução para o português, o artigo tem como primeira autora a pesquisadora Giorgia Michelini, da Queen Mary University of London. Entre os participantes está o professor Giovanni Salum, membro do Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM).
Modelos psiquiátricos transdiagnósticos referem-se a uma abordagem que busca compreender e tratar transtornos mentais não apenas por suas características específicas, mas também pelos sintomas e mecanismos que os conectam. Ou seja, adapta o tratamento a mais de um transtorno em vez de adotar um protocolo específico para cada diagnóstico.
Tendo em vista que as condições neurodesenvolvimentais compartilham características comuns e frequentemente coexistem, os pesquisadores sugerem que essa abordagem transdiagnóstica pode ser mais eficaz para identificar semelhanças e diferenças. A partir desta ideia, propõem a inclusão de um “espectro neurodesenvolvimental” nesses modelos psiquiátricos a fim de permitir uma compreensão mais abrangente das interações entre essas condições e outros transtornos mentais.
“A adoção desse espectro poderia levar a uma melhor identificação de fatores de risco compartilhados, desenvolvimento de intervenções mais direcionadas e políticas de saúde pública mais eficazes”, afirma o professor e pesquisador Salum.
Os autores destacam que pesquisas adicionais poderão validar essa abordagem e explorar suas implicações clínicas. Segundo os cientistas envolvidos no estudo, essa perspectiva inovadora pode representar um avanço significativo na forma como profissionais de saúde mental diagnosticam e tratam condições neurodesenvolvimentais, promovendo uma abordagem mais integrada e personalizada para cada paciente.
Gostou do artigo? Quer saber mais? Acesse a íntegra no periódico World Psychiatry.
29 de abril de 2025
Institucional CISM