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Arranjo familiar, bullying e dificuldade de fazer amigos impactam a saúde mental dos adolescentes

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A conclusão é de um estudo científico que analisou 12 fatores de conexão social acompanhando 11.756 jovens no Brasil e no Reino Unido

Um estudo internacional investigou o impacto dos fatores de conexão social na saúde mental de adolescentes no Brasil e no Reino Unido. Os resultados foram publicados em um artigo científico no Journal of Child Psychology and Psychiatry

Os pesquisadores analisaram 12 fatores de conexão social e descobriram que viver em um arranjo familiar não-convencional (meio-irmãos, pais solteiros, separados e/ou com outro companheiro), mudar-se de cidade, ser vítima ou praticar bullying e ter dificuldades para fazer amigos estão consistentemente associados aos maiores problemas de saúde mental em ambos os países. Um total de 11.756 jovens foi avaliado no estudo. 

 A pesquisa acompanhou os adolescentes por cerca de três anos no Brasil e no Reino Unido para explorar associações entre esses fatores e sintomas internalizantes (emocionais) e externalizantes (comportamentais). O primeiro tipo está ligado a reações que se expressam em relação ao próprio indivíduo, como ansiedade e depressão. Já o segundo, manifesta-se em direção a outras pessoas, como agressividade, mentir e roubar.

O estudo foi do tipo observacional, que acompanha um grupo por um período de tempo analisando relações entre um fator de risco e uma doença ou sintoma. O Professor Mauricio Scopel Hoffmann, supervisor da pesquisa e integrante do Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM), conta que as novidades do estudo foram várias. 

“Primeiro, foram feitas reuniões com jovens para examinar com eles quais fatores sociais eles acreditavam ser importantes e que poderiam impactar na sua saúde mental. Em seguida, os pesquisadores identificaram variáveis semelhantes entre os dois estudos. Após esta harmonização de dados, utilizaram técnicas para garantir que os dados eram comparáveis e realizaram as análises”, explica o pesquisador e psiquiatra.  

Ao longo da investigação, foram observadas algumas diferenças entre os grupos de adolescentes estudados nos dois países. Enquanto os jovens do Reino Unido apresentaram maiores impactos na saúde mental associados ao bullying, no Brasil mais pessoas morando na casa do jovem pareceu ser um fator de risco para problemas internalizantes.

“Os resultados informaram que existem fatores sociais gerais e específicos que impactam a saúde mental de jovens de diferentes países. Também reforçam a importância de se levar em consideração esses fatores para o desenho de políticas públicas que promovam ambientes sociais saudáveis para os jovens, adaptadas às necessidades de diferentes populações”, comenta o professor e supervisor da investigação científica. 

Além de Mauricio, o artigo ainda cita entre seus autores outros membros do CISM – o coordenador Euripedes Constantino Miguel, o vice-coordenador Luis Augusto Rohde e o pesquisador Giovanni Abrahão Salum. O financiamento deste trabalho foi do Wellcome Trust, dentro do prêmio Wellcome Mental Health Data Prize, que contemplou alguns dos integrantes. 

Gostou da pesquisa? Quer saber mais? Confira o artigo clicando AQUI.

10 de julho de 2025  

Institucional CISM