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A forma de questionar sintomas muda o resultado da pergunta?

A forma de questionar sintomas muda o resultado da pergunta? 1280 853 INPD Cism

Estudo conduzido por psiquiatras teve como objetivo avaliar se diferentes maneiras de elaborar perguntas melhoram a detecção de sintomas de depressão ou ansiedade

Em uma consulta médica, se o psiquiatra perguntar “com que facilidade tal situação acontece” em vez de “em quais situações diárias isso ocorre” melhora significativamente a capacidade do profissional em detectar possíveis casos de depressão ou ansiedade? Segundo um estudo conduzido por pesquisadores, a resposta é “não”. 

A pesquisadora Reza de Souza Brümmer publicou o artigo “Além da frequência: avaliando a validade da avaliação do contexto, duração, capacidade e incômodo dos sintomas de depressão e ansiedade no Sul do Brasil”, com os resultados da investigação. 

O supervisor da pesquisa foi o professor e médico psiquiatra doutor Mauricio Scopel Hoffmann. Entre os autores do artigo ainda aparece o psiquiatra Giovanni Abrahão Salum, também membro do Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM)

O objetivo foi avaliar se perguntas com foco em diferentes aspectos – contexto, duração, capacidade e incômodo dos sintomas – aumentariam a validade das ferramentas de avaliação de depressão e ansiedade usadas por profissionais de saúde e pesquisadores, como o Questionário de Saúde do Paciente-9 (PHQ-9), o Transtorno de Ansiedade Generalizada (GAD-7) e o Patient-Reported Outcomes Measurement Information System (PROMIS).

No total, 1.871 adultos – sendo 66% mulheres – participaram do estudo. 

Geralmente, as ferramentas de avaliação de depressão e ansiedade questionam a frequência dos sintomas. Embora o tipo de pergunta focada no quesito “capacidade” tenha produzido pontuações mais altas do que aquela centrada no contexto, por exemplo, houve pouca variação nas diferentes formulações. Essa foi a principal conclusão do estudo. 

“Além disso, elas não adicionam informação, ou seja, não há necessidade de se perguntar frequência e também a duração, por exemplo”, acrescenta o doutor Hoffmann. “É improvável que o uso de diferentes formulações adverbiais melhore significativamente a capacidade de medir sintomas de depressão ou ansiedade, ao menos para os questionários de auto relato de sintomas, preenchidos de forma online”, aponta o médico psiquiatra.  

Gostou do estudo? Quer saber mais? Acesse o artigo na PubMed.

23 de julho de 2024

Institucional CISM