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Aplicativo “CONEMO” será implementado em Jaguariúna e Indaiatuba; seis UBSs contarão com o serviço nesta fase inicial

Aplicativo “CONEMO” será implementado em Jaguariúna e Indaiatuba; seis UBSs contarão com o serviço nesta fase inicial 1588 1130 INPD Cism

A intervenção digital será voltada, nesta primeira fase, para a redução de sintomas de depressão e ansiedade; dados preliminares do projeto-piloto apontaram resultados positivos

O projeto “CONEMO” (CONtrole EMOcional) acaba de avançar para uma nova fase: a implementação. A partir do mês que vem, o aplicativo de celular, que visa reduzir sintomas de depressão e ansiedade, será oferecido a pacientes de seis Unidades Básicas de Saúde (UBSs) nos municípios de Indaiatuba e Jaguariúna, interior de São Paulo.  

Nesta fase inicial do processo de implementação, serão atendidas três UBSs em Indaiatuba – Campo Bonito, João Pioli e Jardim Brasil – e mais três em Jaguariúna – 12 de Setembro, Florianópolis e Nova Jaguariúna. A nova etapa acontece depois da realização de um projeto-piloto em duas unidades de Indaiatuba, conduzida com 72 pacientes. 

A participação dos usuários é gratuita. Poderão ser incluídos no projeto pacientes cadastrados nessas seis unidades de saúde e que atendam aos seguintes critérios: 

  • Ter 18 anos ou mais;
  • Possuir sintomas significativos de ansiedade ou depressão (identificados em questionários);
  • Não ter risco de suicídio moderadamente alto ou alto (constatado em questionários);
  • Estar apto a ler as instruções do aplicativo através de um smartphone ou tablet.  

O projeto é desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM) e conta com parceria das secretarias municipais de saúde de ambas as cidades, do Centro Universitário Max Planck (UniMAX) e do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ). 

Para a Drª Heloísa Garcia Claro,  pesquisadora do CISM líder do “CONEMO” e docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a implementação permitirá que mais pessoas tenham acesso a tratamentos psicológicos de baixa intensidade, especialmente pacientes com sintomas leves a moderados dos transtornos. “A intervenção é baseada em sólidas evidências científicas e combina ciência, inovação e cuidado humanizado”, afirma. 

A implementação está sendo feita de maneira gradual. A meta é que, em um futuro breve, o serviço seja expandido a todas as unidades básicas de saúde dos dois municípios. 

Recursos de tecnologia têm grande poder de alcance e podem ajudar a atingir de 70% a 80% das pessoas que estão em comunidades onde os serviços de saúde mental não chegam. Por isso, além de ampliar o acesso ao tratamento para casos de depressão e ansiedade, espera-se que a intervenção contribua com as demandas das UBSs. 

Como participar 

Usuários que sejam da área de abrangência das seis UBSs devem se dirigir à unidade para escanear o QRCode ou acessar o link do aplicativo. Em seguida, é necessário preencher um formulário online e responder a questionários que verificarão se a pessoa está dentro dos parâmetros exigidos. Caso esteja, haverá a disponibilização de um botão para download do app. 

Os pacientes também poderão ser indicados pelos profissionais para o uso da ferramenta. As equipes de saúde da rede de Indaiatuba e Jaguariúna receberam treinamentos para a utilização do aplicativo e incorporação em sua prática de rotina. 

O projeto “CONEMO” 

O aplicativo oferece jornadas voltadas ao tratamento dos três sintomas (Foto: Reprodução/CONEMO)

A depressão, frequentemente associada a comorbidades como diabetes e doenças cardiovasculares, bem como a ansiedade, representa um grande desafio nos países de baixa e média renda, devido à falta de recursos especializados em saúde mental. 

O “CONEMO” é um aplicativo de celular que propõe técnicas baseadas na terapia cognitivo-comportamental para reduzir esses  tipos de sintomas. A ferramenta digital oferece jornadas de sessões e vídeos voltados ao tratamento de cada sintoma e sugere atividades prazerosas, dicas e estratégias que visam melhorar a saúde dos usuários. 

Os participantes serão, ainda, acompanhados por um Chatbot que monitora o engajamento e oferece suporte quando há interrupções das atividades ou dúvidas. 

O projeto é conduzido por psicólogos, psiquiatras e pesquisadores com experiência em estudos do tipo. A equipe aborda o contexto de saúde e sociodemográfico dos pacientes, faz análises estatísticas e coleta dados qualitativos, por meio de entrevistas, para avaliar a eficácia do tratamento. A evolução dos usuários é acompanhada de perto pelos integrantes do projeto. 

Um total de 72 pessoas participou do projeto-piloto que teve início em agosto do ano passado nas unidades de Campo Bonito e João Pioli, em Indaiatuba. Dados preliminares sobre a média dos escores (indicadores) dos sintomas dos usuários tiveram redução ao longo das semanas, sugerindo que a intervenção digital pode ter contribuído para a melhora.

Um estudo realizado na primeira onda de pesquisa do projeto indicou a redução de até 50% nos sintomas de depressão em usuários do app nas cidades de São Paulo e Lima, no Peru. Por seis semanas, eles realizaram as sessões propostas pelo aplicativo e, durante um período de seis meses, os pesquisadores perceberam os resultados significativos de melhora.  

17 de novembro de 2025, atualizado em 19 de novembro de 2025

Institucional CISM