Conclusão é fruto de pesquisa realizada com 315 famílias durante a pandemia da Covid-19; integrante do CISM está entre os pesquisadores
O uso excessivo de tablets ou telas por crianças em idade pré-escolar pode desencadear um ciclo vicioso que prejudica a regulação de emoções como raiva e frustração. O apontamento resulta de um estudo científico realizado com 315 famílias na Nova Escócia, Canadá, que contou com a participação de pesquisadores brasileiros.
Os resultados principais do estudo foram publicados recentemente em um artigo no periódico médico The Journal of the American Medical Association (JAMA).
Os pesquisadores perceberam que o uso precoce e excessivo de telas pode prejudicar a capacidade das crianças em lidar com emoções, criando um ciclo de dependência tecnológica e instabilidade emocional. A pesquisa, conduzida durante a pandemia da Covid-19, avaliou o impacto dos dispositivos em crianças de 3,5 a 5,5 anos.
Segundo o estudo, uma maior utilização de tablets aos 3,5 anos levou a um aumento de 22% nos níveis de raiva e frustração das crianças aos 4,5 anos. Esses sentimentos intensificados geraram, por consequência, um aumento no uso de tablets quando as crianças atingiram a idade de 5,5 anos, sugerindo uma relação bidirecional.
“Crianças que se mostravam mais propensas a descontrole emocional tendiam a recorrer mais ao dispositivo, alimentando um ciclo prejudicial ao desenvolvimento de suas habilidades de autorregulação”, explica Pedro Mario Pan, um dos pesquisadores do estudo.
A pesquisa monitorou o comportamento e o uso de tablets pelas crianças em três momentos: aos 3,5, 4,5 e 5,5 anos. A análise foi feita por meio de questionários aos pais.
O estudo oferece uma reflexão para os pais sobre o equilíbrio necessário no uso da tecnologia, sugerindo que uma supervisão atenta e limites no tempo de tela podem ser essenciais para o desenvolvimento saudável das crianças em idade pré-escolar.
“Embora a pesquisa tenha sido realizada em um momento desafiador, com a pandemia, limitando atividades ao ar livre e interações sociais, os resultados indicam uma necessidade urgente de monitorar o uso de tablets em crianças pequenas”, diz Pedro, que é psiquiatra e integrante do Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM).
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18 de setembro de 2024
Institucional CISM