Por Victória Cirino
No último dia 21 (quarta-feira), o Professor Francis S. Collins, diretor do National Institutes of Health (EUA), realizou uma palestra no Teatro da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) sobre oportunidades em pesquisa biomédica. Conhecido geneticista, o professor foi um dos líderes do Projeto Genoma Humano e é responsável por diversos grupos de pesquisa que estudam a linguagem dos genes. Ele está em visita ao Brasil para firmar parcerias com pesquisadores brasileiros.
Segundo Collins, uma meta essencial da pesquisa biomédica é aplicar a tecnologia de ponta desenvolvida para ampliar o conhecimento sobre as doenças humanas, uma vez que, apesar de mais de 5 mil doenças terem sua base molecular conhecida pelos cientistas, apenas 250 delas têm tratamento inovador baseado nos achados genéticos. Dessa forma, o palestrante ressaltou a importância de catalisar a geração de métodos inovadores e tecnologias que vão ampliar o desenvolvimento de diagnósticos e terapias baseados nesses dados.
Além disso, Collins também apontou que a pesquisa biomédica é uma forma de otimizar o tratamento de pacientes, uma vez que esses dados podem predizer de forma mais acurada como eles reagirão a novas drogas. O efeito comparativo entre pesquisas também é muito importante nesse processo, pois algumas doenças são frequentemente tratadas de formas distintas. “Ainda há um longo caminho a percorrer para entendermos melhor como a genética pode ajudar pacientes no nível clínico”, explicou o palestrante.
Collins citou algumas das possibilidades que a pesquisa biomédica pode trazer para os pacientes, como o desenvolvimento de uma vacina universal para a gripe ou a maior probabilidade de identificar quais parentes de um paciente com câncer têm chances de desenvolverem a doença no futuro. A redução do custo do sequenciamento do genoma humano promete tornar essa prática mais comum no futuro, o que facilitaria o avanço desse tipo de pesquisa pelo mundo. “A tecnologia se tornou mais elaborada e, ao mesmo tempo, mais simples”, esclarece Collins.
O INH desenvolve atualmente diversos projetos que visam à ampliação do conhecimento médico. O mais recente deles é o Brain Research through Advancing Innovative Neurotechnologies (BRAIN), que foi anunciado no ano passado pelo Presidente Barack Obama. Ele tem o objetivo de revolucionar a maneira como compreendemos o cérebro humano.
Por fim, o professor destacou a importância da pesquisa biomédica sobre doenças crônicas não-transmissíveis, que são responsáveis, cada vez mais, por uma fração significativa dos óbitos ao redor do mundo. As áreas prioritárias incluem hipertensão e diabetes.
Collins concedeu entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que pode ser consultada no seguinte link: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2014/05/1459502-houve-excesso-de-otimismo-com-o-dna-diz-lider-do-projeto-genoma.shtml