Texto e imagens: Victória Cirino
Nos dias 14 e 15 deste mês, o Teatro da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) recebeu o evento “From the complex etiology of diseases to translational strategies”, organizado por Euripedes Constantino Miguel, da Faculdade de Medicina da USP, e Victor Wünsch Filho, da Faculdade de Saúde Pública da USP.
O evento reuniu mais de 15 pesquisadores internacionais e foi ministrado em inglês, com transmissão ao vivo para a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e para a Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu.
Os dois dias foram divididos por quatro grupos de palestras: sobre os desafios para identificação das doenças complexas, sobre as interações gene-ambiente ligadas à origem dos quadros, sobre regulação imunológica neurológica e sobre políticas públicas relacionadas ao tema. O tópico que unia todas as palestras era a etiologia de doenças complexas e estratégias decorrentes das descobertas deste campo da medicina. Marco Antonio Zago, Pró-reitor de Pesquisa da USP , afirmou na abertura da Conferência que é importante entender a base genética das doenças, uma vez que poucas possuem um único gene associado à sua causa. As doenças cujas etiologias são complexas frequentemente têm sua apresentação clínica e sua complicação definidas por um grande espectro de alterações genéticas.
Maria Inês Schmidt, da UFRGS, explicou que, em sua coorte de 5000 indivíduos, 7% dos indivíduos manifestavam 30% das anormalidades, o que revela que dificilmente uma doença complexa se manifesta isoladamente: o mais comum é o mesmo paciente exibir diversos quadros. Ela ilustrou sua fala usando como exemplo a chamada “epidemia da obesidade”, cuja causa é entendida hoje em dia como uma correlação entre genes, expressão genética, fatores comportamentais, educacionais, econômicos e biológicos, como ganho de peso na gravidez.
Outros pesquisadores abordaram em suas falas seus estudos em coortes longitudinais, como David Phillips, da Universidade de Southampton, que estudou a relação entre peso ao nascer e desenvolvimento de diabetes e de doenças coronárias. Avshalom Caspi e Terrie Moffit, que já haviam participado de uma outra conferência no Instituto de Psiquiatria da FMUSP (ver matéria clicando aqui), também apresentaram os dados colhidos em seus estudos nesta Conferência USP.
Participaram do evento médicos, profissionais da saúde, estudantes e interessados.
Confira a lista de palestrantes:
– Maria Inês Schmidt (UFRGS, Brasil)
– David Phillips (Universidade de Southampton, Reino Unido)
– Terrie Moffit (Duke University, EUA, e King’s College, Reino Unido)
– Sandhi Barreto (UFMG, Brasil)
– Avshalom Caspi (Duke University, EUA, e King’s College, Reino Unido)
– Christopher Wild (International Agency for Research on Cancer, França)
– Caroline Relton (University of New Castle, Reino Unido)
– George Davey-Smith (University of Bristol, Reino Unido)
– Russel Tracey (University of Vermont, EUA)
– Hugo O. Basedovsky (Philipps-Universität Marburg, Alemanha)
– Antonio Coutinho (Instituto Gulbenkian de Ciência, Portugal)
– Paolo Boffetto (Mount Sinai School of Medicina, EUA, e Internacional Prevention Research Institute, França)
– Moysés Szyklo (John Hopkins University, EUA, e UFRJ, Brasil)
– David Olds (Denver University, EUA)
– Luiz Paulo Kowalski (Hospital AC Camargo, Brasil)