Revelação é de um estudo científico que acompanhou mais de 2 mil crianças e adolescentes durante três anos
Um estudo recém-publicado identificou que sintomas de ansiedade na infância podem prever a ocorrência de experiências psicóticas na adolescência. A investigação científica, feita por pesquisadores brasileiros, acompanhou mais de 2 mil crianças e adolescentes, ao longo de três anos, nas cidades de São Paulo e de Porto Alegre.
As experiências identificadas incluem delírios leves e alucinações, que, embora comuns e transitórios na infância, podem estar associados a transtornos psiquiátricos futuros. A pesquisa usou dados da Coorte de Alto Risco para Transtornos Psiquiátricos, projeto integrado ao Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM).
Os resultados ressaltam a importância de identificar e tratar a ansiedade desde cedo, visando prevenir problemas mais graves no futuro. Os achados perceberam que crianças com altos níveis de ansiedade têm mais chances de desenvolver os sintomas.
A pesquisa
O estudo responsável pelas descobertas é do tipo “longitudinal” – método que mede as mesmas ou diferentes variáveis, em um mesmo grupo de indivíduos, em pelo menos dois momentos distintos. Na pesquisa, foi investigada a relação longitudinal entre ansiedade e experiências psicóticas. A amostra avaliada foi de 2.194 crianças e adolescentes.
Os resultados indicaram que sintomas de ansiedade na infância estão associados a um leve, mas significativo, aumento nas experiências psicóticas durante a adolescência, mesmo após o controle de variáveis sociodemográficas e clínicas. O inverso – experiências psicóticas na infância prevendo ansiedade na adolescência – não foi observado.
“Esse achado é particularmente relevante no contexto da prevenção e intervenção precoce em saúde mental. A constatação sugere que o monitoramento de sintomas de ansiedade pode ser crucial para identificar jovens em risco de desenvolver sintomas psicóticos”, afirma Viviane Machado, uma das pesquisadoras do estudo.
Além disso, a análise comparou a predição das experiências psicóticas com ansiedade e psicopatologia geral como variáveis. O resultado, publicado em um artigo científico, evidenciou que a ansiedade tem uma associação mais forte.
“Esses achados corroboram a literatura pré-existente que aponta a ansiedade como um precursor comum de transtornos psicóticos e destacam a importância de intervenções precoces para mitigar esse risco, especialmente em populações de alto risco”, finaliza Viviane.
Entre os pesquisadores autores do artigo estão Euripedes Constantino Miguel e Luis Augusto Rohde, coordenador e vice-coordenador do CISM, respectivamente, além de outros membros do centro, como Rodrigo Bressan, Pedro Pan e Giovanni Salum.
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20 de setembro de 2024
Institucional CISM